domingo, 18 de novembro de 2012

Suplementação, alimentação e exercícios


“Professor! Quanto por cento do meu resultado é a alimentação e quanto é o treinamento?”

 “Professor! Se eu não usar suplementos adianta alguma coisa?”




Há muito tempo tem me chamado a atenção importância que muitos atribuem a suplementação. A impressão que muitos passam é que hoje é essencial o consumo de algum produto ( suplemento ) para ter resultados. Muitas pessoas ainda nem sabem como vão treinar ou mesmo quais são seus reais objetivos e já querem saber que suplemento devem usar. Tampouco conversaram com um nutricionista sobre qual alimentação poderia ser mais adequada, mas já sabem o preço dos hiperprotéicos mais conhecidos do mercado. Muitas vezes, estão acima do peso e mal conseguem treinar 3x por semana,  e já iniciam a utilização de suplementos aumentando a ingestão calórica e protéica sem nenhuma orientação profissional.

Talvez isto seja influência da mídia e da indústria de suplementação. Uma imagem de um fortão com abdômen tanquinho ou uma gostosa definida em uma embalagem colorida vende com facilidade. O mesmo produto em uma embalagem sem imagem e sem cor com certeza venderia muito menos.

O curioso também é que geralmente as embalagens são grandes. Os potes de suplementos que poderiam conter 1 kg de produto, muitas vezes contem 500 gramas apenas. Imagino que isto aconteça para que o produto chame ainda mais a atenção do consumidor ao ocupar mais espaço na prateleira.

Mas tudo bem. Eu até aceito que vivemos em uma sociedade consumista, e que consumir traz felicidade. Mas enquanto educador, tenho o compromisso de tentar alertar sobre isso.

É importante que o profissional da Educação Física tenha uma visão crítica sobre a utilização de suplementos. Esclarecer e orientar sobre este tema é, sobretudo função dos professores de educação física que precisam cada vez mais fazer valer o nome “educação” da nossa profissão, assim como é função dos nutricionistas saber diagnosticar a necessidade ou não de suplementar.

Ocorre que infelizmente muitos profissionais se deixam levar pela mídia e supervalorizam os suplementos em detrimento dos próprios conhecimentos sobre os exercícios. Alguns conseguem colocar em percentuais o grau de importância entre treino e suplemento para a conquista de resultado. “ah podemos dizer que tanto % é a alimentação e tanto % é o treinamento, do resultado” Mas que resultado eu questiono? Como assim? 40% do quê? E como podem ser relacionadas valências diferentes.

É possível comparar um alimento com outro alimento ou um método de treinamento com outro, ou mesmo a influência de um alimento ou suplemento sobre uma determinada performance. Mas não comparar alimento com treino. Não posso comparar feijão com rosca bíceps. Nunca li nenhum artigo que concluísse em percentuais como acabei de exemplificar. E se houver algum estudo que conseguiu isto, com certeza irá concorrer ao prêmio Nobel do ilusionismo.

Não podemos esquecer que a alimentação é apenas um fator importante para o treinamento e a suplementação é um recurso da alimentação. O que capacita um indivíduo é o treinamento.

Não quero de maneira alguma condenar o uso de suplementos. A suplementação tem um papel importante para a dieta de atletas e indivíduos que possuem deficiências nutricionais. É consenso que os resultados de um programa de treinamento dependem de uma boa alimentação e de períodos de recuperação adequados. Comer, treinar e descansar de forma correta é o caminho para conquistar bons resultados.

O alerta que faço é principalmente para não perdermos o foco dos exercícios. Não vamos esquecer que a alimentação é energia e reposição, e é lógico que é muito importante, mas o que nos torna mais forte, mais resistente ou mais flexível, é efetivamente o exercício. Sem os exercícios e suplementando, podemos emagrecer ou engordar, dependendo da quantidade ingerida. Mas não iremos nos tornar mais fortes, não ganharemos massa muscular, não é possível melhorar o condicionamento aeróbio, não melhoraremos a postura. Sem o exercício, as capacidades que acabei de citar vão diminuir. Podemos comer bastante hiperprotéicos, aminoácidos, hipercalórico, vitaminas etc. Podemos até comprar o “melhor suplemento” que deve ter sido lançado há algumas semanas atrás nos Estados Unidos e produzido no México para diminuir custos e aumentar o lucro, mas se não estimularmos nosso organismo com exercícios ele vai enfraquecer igual. Tenho certeza que a barra de cereal que estou comendo agora não está me tornando mais forte ou resistente. Este alimento e período de descanso muscular pode ser encarados apenas como uma estratégia para eu melhorar minhas capacidades físicas que foram e continuarão sendo estimuladas pelo exercício. Somente pelo exercício.

Estes percentuais de importância que popularmente são utilizados, tanto por cento corresponde à alimentação e tanto por cento ao treino não apresentam fundamentos. O importante para as pessoas que buscam um trabalho de qualidade é inicialmente fazer uma avaliação física para identificar os objetivos, necessidades e informações importantes para a prescrição adequada de exercícios. Buscar auxílio com um profissional da nutrição será importante pois ele poderá avaliar a necessidade nutricional de acordo com as características e particularidades de cada um.

Nem discuti o fato da população em geral estar cada vez mais pesada e sedentária. Tal fenômeno reforça minha preocupação em promover e se preocupar mais os exercícios. Em relação as questões de alimentação, talvez restringir alguns excessos, seja mais importante que suplementar aumentando a ingestão calórica. Deixo esta com meus colegas especialistas da nutrição.

Abraço a todos e vamos nos exercitar...

Entre os objetivos da Power Local qual ou quais você considera mais importante?

Entre os grupos musculares que trabalhamos na aula, quais os grupos musculares que você mais importante?